domingo, junho 18, 2006

VERSOS NAS PONTES

Quando o peso da solidão se tornou insuportável,

Caminhou por todas as estradas,

Para tornar mais leve a insónia de se sentir só,

E quando se sentiu cansado,

Sentou-se nas salas de espera das estações.

A escrever no tempo.

A escrever nas ideias.

À noite dormia na soleira das portas,

E aquecia-se nas luzes da cidade.

Quando a luz do dia voltava,

E o ruído da cidade era impossível,

Gritou poemas nos túneis.

Gritou versos nas pontes.

E o Outono chegou.

E por não ter mais estradas por onde caminhar,

Bebia as gotas da chuva

Que trazia o brilho mágico da febre.

Sonhou com a mais doce companhia.

Sísifo