domingo, abril 15, 2007

Coisas fora de casa – adormecer ao sol nas escadas de granito abrir e fechar o portão o som das ferragens do portão a sensação de vazio nas ruas desertas ao fim-de-semana a personalidade das casas os olhos ocultos atrás dos cortinados a cidade vazia de crianças as crianças diamante as crianças de última geração o elevador do metro a luz do dia que entra no elevador do metro o ar irrespirável dos espaços comerciais com grandes superfícies o brilho a limpo das montras das grandes superfícies o granito sujo dos monumentos o olhar paralelo infinito das pessoas que parecem saber o objectivo da sua caminhada as montras das lojas dos trezentos, cestos de diversos tamanhos em palhinha, cinco euros, flores de frutos tropicais secos, cinco euros, toalhas de rosto cem por cento algodão, três euros. Os bolos na montra da pastelaria em pequeno número e com ar seco as portas entreabertas mostrando imitações de jarrões chineses em mesinhas com paninho de croché os diferentes tons das calças de ganga as sapatilhas brancas sempre sujas mais uma loja dos trezentos, candeeiro chinês com luz psicadélica, 15 euros, vassouras pequeninas para varrer migalhas, dois euros e meio, tabuleiros de plástico com texturas antiaderentes, dez euros. Tabuleta vende-se em letras vermelhas numa varanda com lindíssimos plantas montras vazias árvore imensa cuja altura está acima das casas o ar perdido de quem anda a cravar cigarros pelas ruas o cheiro das pessoas o lixo nas ruas o autocarro trezentos e três as casas vazias as paredes pintadas com letras pretas “amo-te pikachoina”. As paredes de azulejos os buracos deixados pela quedas dos azulejos. As tabacarias do interior dos cafés as montras pejadas de revistas com pessoas sorridentes outra loja dos trezentos, bola de vidro com boneco de difícil interpretação no seu interior pisa papéis, 5 euros, caneca do café com motivos florais, dois euros e meio, cestos de vários tamanhos em palhinha, três euros (um sorriso) abre-latas 3 euros, copos com figuras chinesas, dois euros.